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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Mas o que é o Gangnam Style?


Nos últimos dois meses Park “Psy” Jaesang, sul-coreano de 34 anos, foi de astro de segundo escalão da K-pop (música pop coreana) para se tornar um dos maiores fenômenos do Youtube  deste ano. Sua música contagiante, coreografia divertida e clipe bizarro, conquistaram o público na internet. Mas sem entender coreano, a dúvida do público ocidental é: O que é o Gangnam Style?
Para começar, temos que saber que Gangnam é um bairro de classe alta de Seul, capital da Coréia do Sul. Lá não só vivem as pessoas mais ricas e influentes do país, mas também estão localizados as lojas mais caras e luxuosas da cidade, sendo um dos polos que mais cria tendências nacionais. A desigualdade é tanta que quase 7% do PIB do país está localizado nos quase 15 quilômetros quadrados dos bairro. Então, o Gangnam Style seria algo parecido com o Estilo Morumbi, ou o Estilo Leblon.

Mas muito se engana quem pena que Psy fez a música apenas para exaltar o estilo de vida luxuoso do local. Todo o clipe é uma divertida crítica ao modo de vida consumista da região. Além dos filhos de famílias ricas, acostumados com luxo e conforto, o bairro costuma a receber muitas pessoas que não possuem tanto dinheiro assim, mas tentam se passar por ricos e importantes.
Apesar de ter nascido no bairro de Gangnam, Park “Psy” Jaesang sempre se mostrou contra a tentativa dos frequentadores do bairro parecerem mais chiques do que realmente são. O clipe inteiro gira em torno de um cara que se acha um figurão, mas o tempo todo se revela estar num lugar completamente diferente.
Quando pensamos que ele está numa praia, o clipe mostra que ele está num parquinho. Ao invés de andar de cavalo e jogar polo, ele anda num carrossel e brinca de cavalinho (a coreografia mais bizarra e divertida dos últimos tempos). Ao invés de dança numa balada TOP ele dança num ônibus com turistas. Ele encontra a namorada dentro do metrô. Canta dentro de uma cabine de banheiro, sentado na privada. E assim por diante…
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Uma das principais referências na letra da música que passa batido é a que envolve café. O cantor se vangloria de tomar seu café em um gole só e diz que quer uma mulher que beba o líquido e saiba aproveita-lo. A parada é que existe uma brincadeira no país com as mulheres que gastam pouco no almoço, mas que não poupam gastos na hora de tomar uma xícara de café.
Cafeterias como a Starbucks viraram sinônimo de alto estilo de vida graças a influência de seriados norte-americanos como Sex and the City, onde as mulheres fazem uma pausa em suas compras para conversar sobre amenidades tomando café.
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Tudo gira em torno de como podemos parecer idiotas ao passar uma impressão de que somos ricos, por isso, pessoas melhores. Fazendo uma paralelo com a realidade brasileira, é só dar uma olhada na ostentação dos clipes produzidos pelo Kondizilla, onde os funkeiros exibem carrões, jóias, mansões e mulheres gostosas.
Dá uma olhada no menino de “Como é bom ser vida loka” exibindo garrafas de Red Label fechadas, enquanto duas mulheres dançam funk dentro de uma limousine em movimento. Ou na música do MC Pikeno e Menor que cita umas 10 marcas top de qualquer shopping.
É a mesma onda de quem fecha um camarote na balada ou paga R$200, R$300, em uma garrafa de vodka que custa no máximo 50 no mercado, só para pagar de figurão na balada. Se você for na 25 de Março vai ver a quantidade roupas da Hollister, Lacoste e Okley falsa que vende por lá. É gente que não tem um poder aquisitivo, tentando passar uma falsa impressão: o Gangnam Style brasileiro e vida loka.

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